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Aqui você encontra alguns dos trabalhos do jornalista publicados na Imprensa rondoniense

24.10.07

Profissionais da comunicação são mal aproveitados em Rondônia

Produzí essa matéria depois de ter feito a cobertura jornalística de um seminário em Porto Velho, em 06 de outubro de 2007, ministrado pela jornalista empresarial Solange Ramos, do Rio de Janeiro. Foi uma oportunidade para abrir os olhos de muita gente - inclusive o os meus - em relação às deficiências no setor comunicacional do nosso Estado. As fotos são do companheiro Linconh Regis.

Enquanto no Sudeste do País pastas públicas se ocupam com estruturação de departamento de comunicação formado por vários profissionais ou em contratar gestores de crises, Rondônia vive a realidade de ainda ter secretarias e unidades de saúde sem, ao menos, um assessor de imprensa, como é o caso do Hospital João Paulo, em Porto Velho. A informação é do servidor João Bosco Cardoso, que atua na unidade como enfermeiro técnico, o qual também é graduado em Jornalismo por uma instituição particular da capital.

O servidor ainda informa que apresentou uma proposta para o diretor da unidade, Roni Peterson, mas que não recebeu nenhum retorno. “Eu sinto prazer em trabalhar na área de saúde, como técnico em Enfermagem, mas gostaria de poder colaborar com o Hospital como jornalista, por entender que assessoria de imprensa é uma área também muito importante, e que não pode faltar numa unidade de saúde, como em qualquer outro setor público”, declarou.

João Bosco concluiu o curso no primeiro semestre de 2006 e, desde então, vem procurando se especializar na área que se graduou. No ultimo dia 5 de agosto, por exemplo, esteve participando, juntamente com vários assessores de imprensa do Estado, de três cursos de comunicação que foram ministrados pela jornalista carioca Solange Ramos. “Durante o curso foram destacadas as ações de uma assessoria de imprensa e de sua importância para um setor público ou privado”.

Assessoria no HB

A situação no Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro não é muito diferente da unidade na qual João Bosco trabalha. Lá o assessor de imprensa, o radialista Francisco Lins, mais conhecido como Chico Lins, é veterano no cargo, mas suas ações como assessor são extremamente limitadas. Suas tarefas se resumem normalmente à acompanhar repórteres por alas do Hospital, a pedido do diretor da unidade Amado Ahamad Rahal, ou à cumprir a função de "informante" do DECOM – Departamento de Comunicação do Governo. Francisco nem ao menos possui uma sala adequada para trabalhar.

Assessorias limitadas

Rondônia possui, na atual gestão, oito secretarias, cujas assessórias de imprensa são subordinadas ao DECOM (departamento que ocupa uma sala no Palácio do Governador). No governo anterior havia sete pastas, no entanto os assessores tinham mais autonomia. Com o governo Cassol tornou-se obrigatório que os materiais produzidos pelas assessorias de imprensa passem pelo crivo do DECOM, embora em algumas secretarias haja um maior espaço, como é o caso da Seduc (Secretaria de Estado da Educação) e da Seapen (Secretaria de Estado da Administração Penitenciária), que possuem sites próprios, os quais são alimentados pelos assessores. Os demais têm que se contentar com a publicação de seus materiais no site do Governo, isto é, os que são aprovados.

O atual diretor do DECOM, Marco Antonio, apesar de não ser jornalista por graduação, é ele a maior autoridade no setor comunicacional da máquina do Estado. O próprio diretor reconhece a necessidade de se contratar mais jornalistas para assumir pastas ou unidades de saúde carentes de uma assessoria de imprensa ativa, mas a contratação esbarra em trâmites burocráticos. Enquanto isso, currículos são engavetados no DECOM, deixados pessoalmente por profissionais da área em busca de uma oportunidade. Profissionais como o servidor João Bosco Cardoso, predispostos a produzirem informação, mesmo sob o crivo do Departamento de Comunicação do Governo.

Falta de autoconfiança


A jornalista empresarial Solange Ramos que ministrou os cursos expressos de comunicação em Porto Velho, revelou, em entrevista ao Tribuna, que detectou uma falta de autoconfiança por parte de alguns assessores de imprensa do Estado, que participaram dos cursos. "Enxerguei uma grande potencialidade nesses profissionais daqui de Rondônia, mas eles precisam olhar para dentro de si e também enxergar isso. Só assim mudarão realidades", declarou reiterando que "as ações de um assessor de imprensa são amplas. Talvez aqui em Rondônia esses profissionais não estejam sendo aproveitados o quanto deveriam ser”.

Uma assessoria de comunicação, de acordo com o conceito exposto por Solange, “é uma fonte organizadora de informações de um setor público ou privado. E compreende tanto ‘o serviço de administração das informações jornalísticas e do seu fluxo das fontes para os veículos de comunicação e vice-versa’ quanto a edição de boletins, jornais e revistas”. Em contrapartida, a jornalista ressaltou a importância da valorização do profissional para que ele desenvolva seu trabalho com disposição gana. Ela disse que no Rio de Janeiro um assessor de imprensa de setor público chega a ganhar 12 mil Reais – uma disparidade com a realidade de Rondônia, onde há assessores que chegam a ganhar R$ 500, segundo informou uma aluna do curso ministrado por Solange, que presta assessoria no interior do Estado. Já em Porto Velho, assessores de imprensa de secretarias estaduais ganham, em média, mil Reais.



Publicada no Tribuna do Servidor

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