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Aqui você encontra alguns dos trabalhos do jornalista publicados na Imprensa rondoniense

24.10.07

Servidores do HB são vítimas de tuberculose e câncer

Essa foi minha primeira reportagem de capa do jornal Tribuna do Servidor (edição nº12 / maio de 2007). As fotos são de Edgar Mello - este deixou o Jornalismo para se deidicar à Música.

Faço questão de republicar na íntegra. Para mim essa reportagem tem um singnificado especial.

“Oziel está com lipoma [tumores benignos que surgem por baixo da pele], Rosalina que trabalhava na câmara escura saiu daqui com CA [câncer] e a Rita ficou seis meses em tratamento de TB [tuberculose]. É bom vocês estarem aqui para saber como está a nossa situação aqui”. O relato é de uma servidora pública que trabalha no Hospital de Base, em Porto Velho. Ela preferiu não se identificar, no entanto, os casos que ela citou são verdadeiros. “A Rita”, por exemplo, que ela se refere, trata-se da servidora Rita Gomes que trabalha na recepção do setor de diagnóstico, a qual confirmou ter contraído tuberculose dentro do Hospital. A funcionária ainda reclamou que vive correndo risco a cada dia. “Na recepção não existe uma janela adequada. Temos um contato próximo e direto com pacientes com tuberculose, e a janela deveria ter pelo menos um vidro para diminuir os riscos”.

O câncer de pele é outro risco que ameaça os servidores do HB – nesse caso, àqueles que atuam no setor de radiologia. Embora esse risco seja abrangente a todo setor de radiologia de qualquer unidade hospitalar - já que diversos estudos já realizados indicam a relação entre radiação e o câncer - a Sociedade Brasileira de Radiologia adverte que os risco podem ser maiores nas unidades onde os Equipamentos de Proteção individual (EPI) não são devidamente usados pelos técnicos de raio-X e auxiliares. Equipamentos como, por exemplo, capas ou aventais plumbífero (que contêm chumbo). . “Eu não vejo ninguém por aqui com roupa adequada de proteção. Trabalhar dessa forma é trabalhar em risco”, queixou a funcionária Eliana Pereira, que trabalha no setor de maternidade.

Negligência amplia riscos, diz médico


O Tribuna do Servidor entrevistou o médico radiologista do HB, Sizenildo Figueiredo, para saber se o não-uso dos equipamentos de proteção pelos funcionários se deve à falta desses equipamentos no Hospital. O médico, dando seu parecer, declarou que o Hospital dispõe de equipamentos, mas os profissionais acabam negligenciando o uso, colocando em risco a própria saúde. “Por conter chumbo em sua propriedade, os equipamentos de proteção convencionais usados em procedimentos naturalmente não são tão leves, podendo gerar algum desconforto a alguns técnicos que acabam optando por não usa-los. Em outros casos, por esquecimento, até mesmo por falta de costume. Desta forma, eles acabam colhendo maiores conseqüências a médio ou longo prazo”, disse o profissional.

Para a chefa do setor de diagnostico do Hospital, Iolanda Kist, “os setores responsáveis pela proteção aos servidores desta unidade de saúde devem intensificar as ações voltadas para a conscientização destes que negligenciam o aproveitamento dos recursos de proteção disponíveis”. Os setores que Iolanda se refere, que funcionam dentro do HB, são: CIPA [Comissão de Proteção de Acidentes], o CCIH [Comissão de Controle de Infecção Hospitalar], e o setor de vigilância de Riscos.



Cai número de acidentes

O índice de acidentes com instrumentos cortantes ocorrido com profissionais do Hospital de Base sofreu uma elevada redução no período de dois anos, conforme estatística apresentada pela Chefa da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), Andréia Ferreira. “A queda foi de 60%, do ano de 2005 a 2007. Isso revela que está melhorando a conscientização dos profissionais quanto ao uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI), quando realizam procedimentos com pacientes”, informou Andréia aproveitando o dado positivo para argumentar: “E quanto à questão dos riscos de HB e de CA no setor de radiologia, dos quais os servidores estão sujeitos, posso afirmar que essa unidade não está com índice acima da média geral, em relação à outras unidades de saúde.”

A profissional ainda otimizou que o CCIH tem feito sua parte no papel de conscientizar os servidores na questão dos riscos, mas que a falta de conscientização é um problema oriundo da formação do profissional. “Também defendo a necessidade de se fazer ações voltadas para a conscientização quanto aos riscos no meio hospitalar. Inclusive já promovemos várias palestras voltadas para esse objetivo. Mas, bato na tecla de que é preciso formar um profissional mais conscientizado para que ele não venha se prejudicar no exercício da profissão, como também causar transtornos no local de trabalho”, frisou.

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