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Aqui você encontra alguns dos trabalhos do jornalista publicados na Imprensa rondoniense

28.11.08

Consultora baiana diz que Porto Velho é vista com um novo olhar

Segue entrevista especial que realizei para o site de notícias Rondoniadinamica, em 22 de novembro de 2008:

Com os ambiciosos projetos hidrelétricos no Rio Madeira, que vêm atraindo investimentos empresariais e gerando expectativas de empregos e um acelerado desenvolvimento socioeconômico, Porto Velho se tornou uma cobiçada vitrine por parte de investidores que vêem nesta Capital uma economia em ascensão.

Em face das transformações previstas e já constatadas, o empresariado local se movimenta, buscando meios estratégicos para acompanhar os avanços com amplas oportunidades de negócios. Para tanto, o investimento estrutural e na capacitação dos funcionários é uma necessidade urgente para não ficar para trás, ante o desafio de destacar-se no cenário de alta competitividade que vem se formando em Porto Velho.
Nesse contexto, o RONDONIADINAMICA ouviu a psicóloga e pelestrante, Carla Cavalcanti, que é consultora de empresas na Bahia, especialista em Gestão em RH e diretora da empresa Focos Consultoria. Suas experiências e analises das transformações econômicas ocorridas na região cacaueira Sul-baiana, principalmente na cidade de Itabuna (considerada nos tempos áureos a capital nacional do cacau), podem ser bem proveitosas para o empresariado desta Capital que vive mudanças de referências: de terra do garimpo para terra das usinas.
Rondoniadinamica: Qual a visão que a senhora tem de Porto Velho no contexto dos projetos hidrelétricos no Rio madeira?
Carla Cavalcanti: Gestores e profissionais do setor empresarial têm volvido, atualmente, para Porto Velho com um novo olhar. Antes não havia grandes motivos de uma mudança geográfica para Rondônia, no sentido de oportunidades reais. Agora, muitos profissionais estão abertos para uma boa proposta para começarem a fazer as malas rumo-ao-norte. Desde os primeiros anúncios dos projetos hidrelétricos no Rio Madeira, Porto Velho deixou de ser a mesma.


Rondoniadinamica: Quando a senhora diz “Porto Velho deixou de ser a mesma”, a que tipo de mudanças está se referindo?
Carla Cavalcanti: Porto Velho vive o maior progresso sócio-econômico de sua história. Sem deixar de reconhecer a importância do seu valiosíssimo histórico cultural, pelo contrário, com uma economia mais forte, haverá maior investimento no patrimônio histórico, como é caso da Estada de Ferro Madeira Mamoré, que necessita de um audacioso projeto de reforma. Mas, uma das principais mudanças é na forma como o País vê Porto Velho. Escândalos políticos e a era do garimpo, lentamente deixam de ser as principais referências, quando a Capital de Rondônia se torna uma grande fornecedora de energia para o Pais, sofrendo, conseqüentemente, grandes avanços na sua economia.
Rondoniadinamica: Itabuna conseguiu se desvincular da imagem de “terra do cacau”?
Carla Cavalcanti: Na verdade, desvincular-se de uma imagem que está relacionada com a história de uma cidade, é algo impossível. O que normalmente ocorre é uma divisão: o antes e o agora. A história não morre. Itabuna sempre terá como uma das suas principais referências o cacau, assim como Porto Velho o garimpo. Mas, os grandes eventos e transformações atuais formam a “imagem do agora”.

Rondoniadinamica: Como era o setor empresarial de Itabuna na época dos coronéis do cacau?
Carla Cavalcanti: Há 20 anos a economia de Itabuna se baseava na produção e cultivo do cacau proveniente de suas grandes fazendas e das de Ilhéus. Naquela época, a maioria das empresas era administrada pelos coronéis latifundiários, que passavam os negócios para seus familiares, parentes e pessoas de confiança. E esse gesto veio se repetindo durante as décadas seguintes, mesmo com a grande crise cacaueira que abalou profundamente a economia da região.
Rondoniadinamica: Eatualmente, em que se baseia a economia de Itabuna?
Carla Cavalcanti: Hoje a cidade vive do comércio de produtos e serviços, mantendo a competitividade. Itabuna está entre as quatro cidades baianas de economia mais forte. Grupos empresariais têm apostado na cidade, que já possui fábricas de grandes empresas, como a Nestlé, a TriFil e a Kildare, e conta com a presença grandes redes varejistas nacionais, que possuem loja instalada no Jequitibá Plaza Shopping.
Rondoniadinamica: Com o fim do coronelismo, como a senhora avalia os novos modos e sistemas administrativos do empresariado itabunense?
Carla Cavalcanti: Lamento muito em ter que dizer isso... (pausa com expressão facial de lamento) ...Embora o setor empresarial de Itabuna tenha se desvinculado do domínio dos coronéis do cacau, o empresariado local ainda mantêm raízes coronelistas, no que diz respeito ao processo de seleção -- quando fazem perpetuar nas empresas o QI (Quem Indique), tirando a oportunidade de pessoas competentes para privilegiar apadrinhados.

Rondoniadinamica: Esse apadrinhamento que a senhora menciona existe em qualquer parte do País, mas em Itabuna ele ocorre numa maior escala?
Carla Cavalcanti: Não diria que em Itabuna ocorra numa maior escala. É comum se constatar a força da influência exercida por um tipo de sistema autoritário sobre uma determinada cultura, mesmo após décadas da extinção deste sistema. Exemplo disso são os países da antiga União Soviética, que se libertaram do comunismo, no entanto, não totalmente. Mas, a minha esperança é que Itabuna se liberte totalmente de qualquer semelhança com o sistema coronelista, que só impediu o desenvolvimento da região.

Rondoniadinamica: Com as usinas no Madeira, já é previsto em Porto Velho uma demanda de empregos, pelos menos, nos próximos sessenta anos. Em relação à seleção de pessoal, qual o cuidado que as empresas devem ter?
Carla Cavalcanti: Que o setor encarregado realize um processo seletivo com fundamento científico, ou seja, um Recrutamento e Seleção por Competências. Pois o que geralmente ocorre são seleções baseadas apenas na intuição de quem entrevista o candidato. E com essa atitude, o índice de rodízio por vaga cresce, os funcionários trabalham desmotivados e, conseqüentemente, a produtividade da empresa cai. E no final, todos ficam insatisfeitos. Além disso, a organização pode sofrer descrédito no mercado, ficando conhecida como um local onde as pessoas não gostariam de trabalhar.
Rondôniadinamica: Consultora, foi muito proveitosa essa entrevista. O Rondoniadinamica agradece por ter aceitado o convite. Certamente a senhora deu uma importante parcela de contribuição a muitos dos nossos leitores. Obrigado!
Carla Cavalcanti: Eu que agradeço pala oportunidade de colaborar. Um braço para todos de Rondônia.


Fotos de Itabuna hoje:

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